domingo, 10 de junho de 2007

O Cebreiro

Ola pessoal. Que bom ter todos voces comigo. Sabem, espero tambem este momento para ver suas msgs. As vezes, leio todas elas novamente.
Vou ter que dividir esta etapa em duas partes. A subida até o Cebreiro e a descida até Samos.
Sabem, o caminho até aqui nao começou dia 29 de maio. Ele é um processo de uma vida, de várias vidas.
Como sempre sai ao amanhecer rumo a subida do Cebreiro, que é um marco no Caminho de Santiago; faz todo sentido.
Na saída do albergue a Cristina bate o sino, como faz para todos os peregrinos. Fui o último a sair.
Segui pela trilha que conduz ao por do sol todos que perseguem esta rota. Já nas primeiras pedaladas pude perceber o quanto seria especial esta subida.

Pelo bosque, nao foi possível pedalar. Tive que descer da bici, tirar luvar e capacete e seguir caminhando para contemplar com mais profundidade aquele momento.
Arvores em ambos os lados sombreiam o caminho; pássaros, como se conversassem, cantavam uns para os outros, do lado esquerdo, do lado direito.
Fui entrando cada vez mais neste momento. Tudo foi ficando... apenas o momento.
Já no final do bosque, montei na bici e segui no pedal. Agora, nao há mais diferenças entre a bici, eu, a estada.

Com estes sentimentos, segui em direçao a La Faba.
Pensei na emoçao daqueles tres meninos que esperavam pela sua primeira comunhao. Seus grandes olhos negros que fitavam o padre e fitavam seus pais - o que pensavam? o que sentiam?
E aquele jovem casal que dançavam na saida de seu casamento - o que pensavam? o que sentiam?

Abondonei a carreteira e segui juntos com os caminhantes pela trilha marcada por setas amarelas, por marcas de botas, pela fé e coragem de todos que ali já passaram.






Logo, a subida se fez presente. Inicialmente por asfalto; mais adiante por terra, pedras e lama criadas pela forte chuva da noite anterior.
A inclinaçao é muito forte e desci para empurrar. Muitos me perguntavam: por que vc nao foi pela carreteira? Eu respondia que estava ali para fazer o caminho. Algumas vezes eu dizia que era somente para conhecê-los.
Assim foi. Passo a passo, empurrando quase 30kg rampa acima. Agora, os peregrinos foram mais rápidos e me passavam fazendo graça. A cada curva a paisagem deslumbrante mostrava o quanto já tinha subido.







Depois de um pouco mais de uma hora, cheguei em La Faba. Pequena vila que serve de conforto para todos aqueles que ali chegam. Um chocolate quente para aliviar o esforço de apenas 8km.
Nova etapa. Sempre os mesmos obstaculos presentes. Os braços ja estavam cansados por ter
que empurrar, puxar, levantar e segurar a bici que algumas vezes seguia em direçoes nao esperadas.
Depois de mais 2 horas e apenas 5km cheguei ao topo - finalmente o Cebreiro.


Parei antes da vila ali existente para contemplar e reconhecer do que fazemos parte. Investi tempo contemplando a paisagem que somada ao meu estado de satisfaçao, de existencia me fez reconhecer duas dimensoes dos verdadeiros templos - nosso ser; nosso planeta.


E mais, pude entender o que deve sentir um alpinista que chega ao topo do mundo. Que maravilhosa loucura...
Fui despertado por peregrinos que chegavam e vieram conversar. Tiramos fotos, falamos do Brasil e comemos um pouco.

Segui até a vila do Cebreiro. Ali chegava um grupo de turistas que faziam o caminho de onibus. Eram na maioria senhoras, algumas freiras. Bricamos um pouco. Tiramos fotos uns para os outros.







Como tudo segue, segui em frente....

2 comentários:

Anônimo disse...

Força Rogério, to adorando a maneira como você escreve, a riqueza de detalhes o seu sentimento, em alguns momentos e possível sentir o cheiro a brisa no rosto. Só aumenta a minha vontade de fazer o caminho. Siga com Deus amigo
Forte abraço
Silvia

Anônimo disse...

Engraçado seria pensar que vc iria pelo caminho mais fácil...sua DISCIPLINA e PERISISTÊNCIA são marcantes.
Pode parecer simples palavras, mas consigo sentir daqui o enlevo de sua alma ao alcançar o pico do cebreiro..basta fechar os olhos!
Este caminho esta acabando...siga em PAZ e CHEGUE com ELE no coração.
BJS CACA